Amazonia Viva Santarém

5/21/2006

Paz marca “Caminha pela Floresta em Pé” em Santarém

Aconteceu neste domingo, dia 21 de maio a Caminhada pela Floresta em Pé, organizada pela Frente de Defesa da Amazônia, Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Grupo de Trabalho Amazônico e Greenpeace.

O evento reuniu mais de 1500 trabalhadores rurais, sindicalistas, estudantes, moradores de comunidades rurais, religiosos e cidadãos em geral para um protesto pacífico contra a ocupação predatória da Amazônia realizada pela monocultura da soja.

O evento teve seu ponto de concentração em frente ao Mercadão 2000, principal referência da produção familiar em Santarém de onde seguiu até o porto da multinacional norte-americana Cargill, principal financiadora e compradora de soja na região.

O movimento já tinha sido programado pelos movimentos sociais locais, e em função do acontecido da sexta-feira, quando ativistas da organização tentaram impedir o carregamento da soja em uma balsa no porto da Cargill e foram agredidos por funcionários da empresa e por sojeiros que alugaram barcos e tentaram invadir o Navio do Greenpeace, a manifestação se tornou também um apoio público da sociedade civil organizada ao trabalho da entidade em Santarém.

Diferentemente da carreata dos sojeiros e seus apoiadores, que teve carros de luxo, automóveis 4 x 4 e caminhões, o movimento de hoje foi uma caminhada autêntica da população tradicional de Santarém, a maioria sem condições de adquirir carros, afinal a soja não trouxe emprego nem melhorou a qualidade de vida do povo, como é divulgado na cidade. Mas não foi necessariamente por isso que o movimento preferiu a caminhada, mas sim pela maior possibilidade de animação do povo na rua, da integração de todos.

Arte, irreverência e valorização da cultura local.

Na caminhada não faltaram apresentações culturais de músicos e artistas locais. Estava presente o locutor que é um dos maiores sucesso da rádio Tapajós em Santarém, Teodorico, com seu jeito caboclo e linguajar popular, é uma das fortes expressões da identidade cultural local e alegrou os participantes. Um exemplo que os comunicadores e a mídia pode ser diferente.

No meio do povo, uma equipe de TV brincava de imitar os repórteres do Programa Rota 5, da TV Ponta Negra. Na versão irreverente, o programa foi apelidado de “Arrota Assim”, o repórter J Senna, conhecido como “o homem do sapato branco” ganhou a versão de “o homem do sapato vermelho” que anunciava: “se você quiser mandar uma mensagem para o nosso programa é só passar uma mensagem para: sojeiro@terra.com a cargill”. O cinegrafista verdadeiro do Rota 05 se ocupou de filmar cada passo da irreverente equipe de reportagem.

De modo geral, houveram muitas críticas à imprensa local. Uma estudante da Ulbra de posse de um exemplar do Jornal Liberal aproveitou para protestar contra uma matéria e foto publicada que apresentava todos os estudantes da mesma universidade como contra o Greenpeace, sendo que a mesma é assessora de imprensa do centro acadêmico e assim como outros estudantes, não compactuam com as opiniões divulgadas. Ressaltasse que a ULBRA é uma universidade particular vista tendo a maior concentração de filhos de sojeiros e da elite santarena.

Não faltaram provocações, mas a caminhada foi marcada pela paz.

Durante o trajeto da caminhada não faltaram provocações por parte dos sojeiros, que colocaram suas caminhonetes em pontos estratégicos para “observar a manifestação”. Ovos foram jogados no carro de som, e pessoas foram vistas no meio do povo proferindo palavras provocativas. No rio, o empresário Nivaldo Pereira, proprietário da Tv Ponta Negra, era visto com sua lancha fazendo manobras de demonstrações de arrogância. A polícia militar colocou dezenas de homens armados principalmente em frente ao prédio da Cargill, mas do que em todo o percurso da caminhada. Foram feitos cordões de isolamento e impedida a passagem de carros. Apesar disso, em vários momentos grupos de sojeiros tentavam entrar no meio do povo.

Mas a passeata foi marcada pela paz e alegria, dentro do que se pode esperar de um povo digno e trabalhador que sabe manifestar suas opiniões com verdadeiro sendo democrático. Das janelas de suas casas, moradores aplaudiam a manifestação e colocavam faixas e panos brancos pedindo paz na cidade, paz na floresta.

Ao final do evento foi servido um almoço comunitário à base de comidas regionais. A soja não fazia parte do cardápio!

O debate sai ganhando

Um dos principais resultados da Caminhada foi a adesão de cada vez mais pessoas ao movimento pela floresta em pé e em favor de um desenvolvimento junto para a região. Setores antes vistos totalmente contra as opiniões dos movimentos sociais agora demonstram estarem divididos. O assunto é cada vez mais debatido entre os cidadãos e daqui para frente, espera-se menos violência e maior qualidade dos debates. A sociedade civil organizada deu o exemplo. E a pressão pública agora deve partir não apenas para cobrar que a justiça se cumpra com a já condenada Cargill, mas também que ela pague o preço dos prejuízos sociais e ambientais que vem causando na região.

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